Artigo
Bom, escrevi esse artigo a pedido de um grande amigo de Salvador, que está trabalhando para este bloco. Espero que as pessoas leiam e gostem. Vamos tentar publicar em sites da internet e enviar para algumas revistas e jornais. Vamos ver se dá alguma coisa, né? Boa leitura! Ah! E sugestões serão bem vindas! Amuleto: diversidade assumida Por Victor Longo* O carnaval de Salvador, submerso em mitos e realidades, é mundialmente conhecido por ser uma das maiores festas populares do planeta. A própria cidade, sempre recomendada para turistas que busquem gente alegre e hospitaleira, é reconhecida, antes de tudo, pelo carnaval. Em fevereiro, mesmo mês em que se comemora o dia de Iemanjá, mãe dos Orixás, rainha das águas salgadas, a festa pára a cidade por quase sete dias, durante os quais pobres e ricos, negros, mulatos e brancos, nativos e estrangeiros divertem-se com alvoroço. Pessoas de todos os credos e das mais diversas religiões transformam o carnaval, a cada ano, numa festa diferente, incorporando novos ritmos, novos blocos e bandas, novos artistas. Sem perder a sua essência, a festa traz sempre consigo um turbilhão de novidades, o que deixa sempre um gosto de quero mais para o ano seguinte. Em 2006, entre outros antigos e novos blocos, o Amuleto destaca-se por assumir abertamente a diversidade de que os baianos tanto falam durante o mês de fevereiro. Idealizado pelo colegiado da ONG Amuleto, é, a princípio, um bloco de trio comum, o qual tem como atração uma banda homônima que faz um som afro-pop. O bloco, entretanto, traz a corajosa inovação – que, a meu ver, é um enorme avanço – de levar a bandeira GLS para a avenida. Em sua logomarca, o colorido do arco-íris evidencia-se num colar de contas, segurado por uma figa (Ver figura). Uma figa e um amuleto para o povo baiano, muito sofrido e batalhador, que conta sempre com a ajuda de todos os nossos santos, com a fé nas melhorias e nos progressos e, como não poderia deixar de ser, com a sorte! Se falarmos sobre os baianos e brasileiros que se incluem na sigla GLBTS (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Transgêneros e Simpatizantes), muitas figas e amuletos ainda serão necessárias para estabelecer de vez uma sociedade diversa – como toda sociedade é e há de ser – e, sobretudo, que respeite a diversidade. Salvador, primeira capital do Brasil, tem um papel importantíssimo nessa luta, que ainda perdura diante das constantes e sempre violentas manifestações de homofobia, as quais muitas vezes causam mortes. Isso porque a capital baiana é, por natureza, diversificada. É berço da miscigenação étnica no país e, não por menos, cenário ideal para as lutas pela ainda mitológica igualdade racial. É lugar cheio de sincretismo religioso, como se vê na umbanda, religião que aceita, por exemplo, Nossa Senhora dos Navegantes como correspondente católica de Iemanjá, além de muitos outros santos. Em Salvador acontece o carnaval, palco de diversidade e de tolerância; de diversão e de trabalho; de fé e de vida mundana; de axé, pop, dance, reggae, MPB e de rock (porque não?). É baseado nisso que acredito ser a criação do bloco Amuleto um grande avanço para que essa diversidade, tão característica do nosso povo, seja efetivada, deixe de ser mito e passe a ser realidade. É de iniciativas como essa que o país precisa para que se consagrem vitórias sucessivas nas batalhas em prol de uma Constituição mais tolerante com os gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros, a exemplo de como ocorre com as constituições de muitos dos países europeus. O Amuleto sai sexta-feira no circuito do Campo Grande (Avenida) e Domingo no circuito Barra-Ondina. Os foliões não necessitarão de fantasias ou acessórios, a não ser que seja de seu gosto. O bloco tem como base de pesquisa musical a tradição e a ancestralidade africana (o lado afro), que se soma à multiplicidade de ritmos, gêneros e informações musicais da Bahia e do Brasil (o lado pop). Os diretores do Amuleto buscam o apoio das comunidades locais e da sociedade como um todo, tendo em vista as grandes dificuldades de arranjar patrocínio. “Algumas empresas se retraem quando se toca no quesito ‘público alvo’. Não assumem o preconceito”, afirmam. Combater esse preconceito é uma questão que exige, é claro, mudanças muito profundas no nosso país, sobretudo no que concerne à educação. É possível, no entanto, com a ajuda de organizações governamentais e não-governamentais, grandes e pequenas empresas, além das preciosas iniciativas individuais, darmos passos mais efetivos em prol da tolerância e da convivência harmônica em grupo. Acredito que é muito melhor ser regido pelo velho clichê do “cada um faz a sua parte” que não fazer parte nenhuma. Creio que o Amuleto e todos os que colaboraram e têm colaborado com essa bela iniciativa concordam comigo. --- * Victor Longo, 20 anos, é natural de Salvador e cursa o 5º semestre de jornalismo na Universidade de Brasília (UnB). Para ler outras coisas que ele escreveu, acesse www.emboahora.blogspot.com. --- Mais informações sobre o Amuleto (55+71) 3489-8273grupoamuleto@yahoo.com.br vendasamuleto@yahoo.com.br Rua Gomes Brandão, 73 - Garcia. CEP: 40100-150. Salvador - Bahia – Brasil |
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