25.10.06

Sonho que se sonha

É, acho que faz algum tempo que não escrevo por aqui sobre o meu quotidiano. Só letras de músicas, poesias, poesias, letras de músicas. É que eu nasci pra ser poeta. Não tem jeito. Mas teimo em ser jornalista. E é isso que tenho sido ultimamente. Se qualquer dia, você ler um texto assinado por um tal de "Da Redação" na seção de notícias internacionais do Correio Braziliense , lembre-se de mim. Talvez eu seja o tal.

Desde que comecei a trabalhar na redação, hoje foi a primeira vez que liguei para o exterior buscando especialistas para entrevistar. A matéria era sobre um novo relatório da WWF. Em suma, o documento mostrava que o consumo humano está degradando o meio ambiente de tal forma que, daqui a 44 anos, precisaremos de dois planetas como este para suprir a demanda de recursos naturais. Isso, claro, só vai acontecer - segundo a publicação - caso continuemos explorando a natureza da maneira "insustentável" como estamos.

Ouvi uma funcionária da WWF no Brasil, e a idéia de ligar para o exterior era a de conseguir alguém que ponderasse o ar "apocalíptico" do relatório. Alguém que falasse "calma, o mundo não vai acabar!"

Foi tão difícil encontrar, que acabei entrevistando um especialista em meio ambiente da UnB. Fiquei um pouco triste, porque queria ter conseguido um pesquisador de fora. Mas a minha fonte foi ótima, me ajudou bastante e deu à matéria o sentido que eu queria (eu e o meu editor!!!). Mas, de qualquer forma, serviu a experiência. Aprendi o quanto é difícil falar com professores da Universidade de Washington. Fácil mesmo é falar com telefonistas e secretários (as).

Queria mesmo era falar com um dinamarquês que escreveu um livro chamado "O ambientalista cético". Seria a voz ideal para dar uma visão mais moderada do 'caos' ambiental. O problema é que começo a trabalhar às 14h. Em outras palavras, quando inicio o expediente, são 19h na Dinamarca. Ninguém trabalha depois das 19h. Só jornalistas...

(...)

Bom... a verdade é que a tarefa diária de escrever notícias está sendo bastante agradável para mim. Resta saber se isso vai durar o quanto quero que dure. Para sempre, talvez.

Decidi (acho) que quero me didicar ao jornalismo internacional. Comecei a estudar árabe. Talvez, a minha mãe morra de medo ao saber que penso em ser correspondente internacional. Lembro que, desde que eu era pequeno, ela falava: "menino, não vá ser jornalista para ir à guerra". Sabe que tenho pensado seriamente na idéia? Talvez fosse emocionante.

Mas, creio que sou medroso demais para isso. Quem sabe possa me revelar um grande corajoso por amor à profissão? O futuro dirá com mais segurança.

(...)

Ô, que falta cê me faz
Uma noite que me esquece
Uma noite sem você:
Ninguém merece.

Faltou algo no meu dia. Não só um especialista em meio ambiente. Faltou alguém que eu queria ver e não me veio visitar. Está bem, o motivo é nobre. Amanhã cedo, há de trabalhar.

Durante a semana, muitos acordam ouvindo sua voz. "De Brasília...". Quisera eu ouvir aquela voz ao acordar todas as manhãs. Mas, costumeiramente, só posso escutá-la de perto nas alvoradas dos fins de semana. Quem sabe um dia - não tão distante - meu sonho pode se tornar real. Afinal...

Sonho que se sonha só
É só um sonho que se sonha só
E sonho que se sonha junto é realidade
(Raul Seixas)