Círculos
Pra que os olhos, senão pra poder chorar?
Pra que a vista, senão pra poder ir
em frágeis passos, em trancos, barrancos, abismos, sismos abalados?
Pra que ver tanto, se tão pouco se vê?
Pra que ter olhos que irão desfalecer à noite, pra esquecer do dia?
Por que, da caça, a caça é a nitidez?
Por que, no campo, os tiros vêm de uma vez
Cegar os nossos cegos olhos?
Pra quê, então, adiar o fim
se não será menor a dor!?
Dor!
Pra que os olhos sem a mente sã?
Pra ver, no infinito, o incerto amanhã!
Pra que os olhos que nada vêem?
Vem ver que vem vindo a noite!
Pra que os olhos, senão pra poder chorar?
Pra que a vista, senão pra poder ir
em curtos saltos, tropeços, percalços, abismos, carmas, círculos.
---
Eis uma musiquinha nova, inspirada num livro. Ensaio Sobre a Cegueira do José Saramago.
.: Beijos
Pra que a vista, senão pra poder ir
em frágeis passos, em trancos, barrancos, abismos, sismos abalados?
Pra que ver tanto, se tão pouco se vê?
Pra que ter olhos que irão desfalecer à noite, pra esquecer do dia?
Por que, da caça, a caça é a nitidez?
Por que, no campo, os tiros vêm de uma vez
Cegar os nossos cegos olhos?
Pra quê, então, adiar o fim
se não será menor a dor!?
Dor!
Pra que os olhos sem a mente sã?
Pra ver, no infinito, o incerto amanhã!
Pra que os olhos que nada vêem?
Vem ver que vem vindo a noite!
Pra que os olhos, senão pra poder chorar?
Pra que a vista, senão pra poder ir
em curtos saltos, tropeços, percalços, abismos, carmas, círculos.
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Eis uma musiquinha nova, inspirada num livro. Ensaio Sobre a Cegueira do José Saramago.
.: Beijos
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