19.2.06

Cantar das Horas

Eu chamo, mas tu ignoras
Eu canto no cantar das horas
Eu prendo os meus dedos nas cordas
E tu? Nem aqui.

Eu clamo e me ouvem as portas
Eu choro o teu peito de volta
Eu prendo os meus dedos nas cordas.

E a mim – que já te fiz tanto esperar – o que me resta são
Segredos que não te contei.
Mas, ei, quem sabe se eles vão restar
Ou se alguns outros ouvidos vêm?

Me corto, mas tu ignoras
Me porto como uma senhora
E prendo os meus dedos nas cordas
E tu?

Eu digo que tu só me arrasas
Trago desaforo pra casa
E prendo os meus dedos nas teclas

E a mim - que já te fiz tanto esperar – o que então resta são
Os beijos que não te beijei
Mas, ei... quem sabe se eles vão restar
Ou se outros risos de outros eu inibirei?