24.4.06

.: Em boa companhia :.

Estive pensando, tenho pensado: nós, humanos, com o 'advento da racionalidade', estamos indefinidamente caminhando num círculo em que instinto e pensamento se alternam. A minha constatação, no entanto, volta-se para o fato de alimentarmos sempre os nossos instintos, utilizando-nos do pensamento - que chamamos de racionalidade - para saciá-los e até para camuflar nossa condição de animais. É muito estranho chegar a uma conclusão assim, fico meio em dúvida se isso é da natureza humana, ou se não se aplicaria, por exemplo, a culturas menos centradas nos egos como as orientais. Deveria estudar mais pra saber disso, mas tem coisas que a gente só aprende vivendo. Um pouco desabafo, um pouco resultado das minhas reflexões solitárias, segue uma poesia que fiz hoje. Espero que alguém possa se interessar...

.: Em boa companhia :.

Enfim, sós
Sós, em boa companhia de ninguém
É como estamos todos, rodeados de repletas multidões
Cercados por fantasmas e por almas
Protegidas pelo anonimato

Sós, diante dos fatos,
É como estamos todos.

Mergulhados sob o que acontece,
Chorando e esquecendo o que não aconteceu,
Lamentando e, segundos depois, engolindo o choro,
Fingindo que há razões para ir e vir sem tréguas
e sem réguas para medir vindas e idas,
Fingindo que há razões para existir
Ou inventando-as.

Tolos, como somos tolos de ir e vir
Sob os tons que ditam nossos julgamentos
Nossos intermitentes encantos e desencantos
Nossos encontros casuais
E desencontros

Tolos, por julgarmos que entre nós
Há alguém mais além desses fantasmas

Enfim, sós
Sós, em boa companhia de ninguém

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Abraços,
.:Victor:.
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