19.6.06

.:Em meio às dissonâncias:.

Hoje estive pensando em como a inspiração surge do instável, do desacerto. Isso que saiu. O título é 'Em meio às dissonâncias', mas poderia ser qualquer um...

Poesia é inquietude
É incômodo voraz que reside no poeta
É um desconforto descabido, um abismo
Um desespero explosivo
Que, em questão de segundos,
Dá ao poeta a insônia
E o sono

Poesia é corpo estranho
Em constante movimento no poeta que repousa
É gigante precipício que esvazia
E que completa
É um refúgio
Um esconderijo
A imensidão que não cabe em si

Poesia é retidão
De cálculos descompassados e versos brancos
De quem busca na entropia
A ordem;
De quem vê, nas linhas retas,
O caos;
De quem não se conforma
Com a forma
Que as coisas têm
E quer dar uma nova,
de que outros discordarão.

Poesia é discordância
É uma nota consonante em meio a dissonâncias
É a apatia ante a ação
É uma pedra no sapato
Que sai, disforme,
Do coração
À mão
E da maõ,
Ao papel.

14.6.06

.:Braços Eternos:.

*** Fiz essa poesia hoje. Não, não é uma música, só uma poesia. Se tornará uma música algum dia? Mal sei. Acho que não. Ela surgiu em um momento que mais se traduz em poesia simples. A música a tornaria mais complexa do que nasceu pra ser. Mas não direi nunca...

*** Essa poesia surgiu em um momento em que procurava alguém ao redor que pudesse me abraçar, ou simplesmente tocar a minha mão. Mas não havia ninguém que me fizesse tão seguro quanto eu queria. Saí, então, por uns instantes, da aula em que estava. Estava incomodado. Fui ver o sol. Aquele vasto campo verde que levava à biblioteca, o céu azulão de Brasília, o sol - amarelão! - estavam todos lá, oferecendo-me as mãos de que precisava e o aconchego momentâneo debruçado sobre a simplicidade.


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Quero um abraço de alguém
Que não seja mais frágil que eu
Que me entregue à imensidão
E à mera vontade de ser
De um alguém que me faça menor
E me envolva com braços gigantes

Quero um abraço sutil
De alguém a que possa abraçar
Quero braços que me elevem
Ao sublime prazer
Que a simplicidade
Revela

Quero acender uma vela na falta de luz
Ceder aos caprichos da insônia na falta de sol
E vê-lo nascer e morrer todo dia
Nos braços eternos que a vida me der

Eu quero um abraço do mundo.

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